Aquilo que é sem fundo, o mundo das profundezas ou das alturas indefinidas. Do mesmo modo aplica-se ao caos tenebroso das origens infernais dos dias derradeiros. No plano psicológico, também pode corresponder tanto a indeterminação da infância como a indiferenciação da morte, decomposição da pessoa. Mas pode indicar igualmente a integração suprema na união mística. A vertical já não se contenta em afundar-se, elevar-se há também um abismo das alturas como o há das profundezas; um abismo de ventura e luz, como o há de infelicidade e trevas. Todavia, o sentido de elevação apareceu posteriormente ao da descida.
O abismo intervém em todas as cosmogonias, na forma da gênese e do fim da evolução universal. Este último, como os monstros mitológicos, engole os seres para depois vomitá-los, transformados.
As profundezas abissais evocam o país dos mortos e, portanto, o culto da grande mãe Ctoniana. É sem dúvida nesse antigo fundo cultural que se apóia Jung ao estabelecer uma conexão entre o simbolismo do abismo e o arquétipo maternal, imagem da mãe amante e terrível. Nos sonhos, fascinante ou medonho, o abismo evocara o imenso e poderoso inconsciente; aparecerá como um convite a exploração das profundezas da alma, para livrá-la de seus fantasmas ou deixar que se soltem.
ref. Dicionário de Símbolos. Jean Chevalier.
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